Uma homenagem à mulher-mãe!

"E num dia de bendita magia, numa explosão de luz e flor, num parto sadio e sem dor, é capaz, bem capaz, que uma mulher da minha terra consiga parir a paz. Benditas mulheres." Rose Busko

A Revolução das Mães



"Somos mamíferas - ainda que esqueçamos - porque temos mamas. E todas as mamíferas foram designadas para amamentar suas cria. Portanto, todas somos capazes de nutrir o bebê recém nascido com o leite que vem naturalmente do interior de nosso corpo. É verdade que o conceito “natural” está completamente manipulado pela cultura, por isso nos ater ao que é ou não “natural” costuma parecer-nos bastante complexo.

Então depositamos tantas fantasias no alimento, no que é bom ou não oferecer ao bebê, que o “dar de comer” se converteu em todo um problema para as mães modernas. Inclusive dar de mamar passou a ser algo difícil de conseguir, algo que há que superar, controlar e estudar ao pé da letra para ter sucesso. É estranho que em somente 50 anos da recente história, tenhamos esquecido a natureza, a simplicidade e o silêncio com que as mulheres sempre amamentaram aos nossos filhos desde que existe a humanidade.

A realidade é que a amamentação é fundamentalmente contato, conexão, braços, silêncio, intimidade, amor, doçura, repouso, permanência, sono, noite, solidão, fantasia, sensibilidade, olfato, corpo e intuição, ou seja, tudo é muito distante das receitas pediátricas e de todos os “deve ser” que pretendemos cumprir no papel de mães.

A amamentação falha quando a colocamos dentro dos parâmetros de “melhor alimento”. Quando calculamos, medimos, pesamos ou estamos atentas às quantidades e tempos em que o bebê tomou ou deixou de tomar. Não se trata de pensar no que come. Se trata de estar junto. É algo tão natural que esquecemos dele. Porque quase não mantemos relações afetivas de modo simples, sem projetos nem objetivos.

Para ser uma boa mãe, acreditamos que devemos dar ao bebê o melhor. E se o melhor não é quantificável, a amamentação falha.

A questão vai além dos desejos ou ilusões sobre um bom alimento, somos um exército de mães que não podemos dar de mamar aos nossos filhos, somos mães a quem nos sangram os mamilos, nos ferem e o pior de tudo: o bebê volta a pedir como se não houvesse sido suficiente o que mamou uma hora antes. Temos a sensação de que as contas nunca dão bons resultados em matéria de amamentação. Não se pode viver assim!

Ambas as situações, amamentação e liberdade, não são compatíveis. Ninguém pode determinar o que é que cada qual deve fazer. Mas sim é importante que saibamos o que ganhamos e o que perdemos frente a cada decisão."

- Laura Gutman em "A revolução das mães" pg 99-101, tradução de Sandra CP

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