A Dra. Melânia Amorim, obstetra membro da Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento, a ReHuNa, em parceria com a Obstetriz Ana Cristina Duarte, preparou uma lista de indicações reais e "fictícias para cesariana. Esta lista circula desde 2005 e cresce a cada ano. A última atualização é de 02 de setembro de 2017. Confira:
INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS DE CESARIANA
Por Melania Amorim, PhD em Obstetricia
Publicado originalmente em: http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html
A presente lista de indicações de cesariana circula na Internet desde 2005, quando eu publiquei a primeira versão em uma comunidade do Orkut ("Cesárea? Não, obrigada!"), e desde então tem sido muito divulgada, crescendo lamentavelmente a cada dia, porque estou sempre me deparando com gestantes em busca de informações, explicações ou mulheres que contam suas próprias histórias ou histórias de amigas. Outra fonte inesgotável de supostas indicações para a cirurgia cesariana advém dos encaminhamentos de gestantes para os serviços onde trabalho, por diversos profissionais de saúde, porque sempre há alguém querendo indicar uma cesariana. Muitos colegas também têm sido extremamente gentis em me informar quando recebem esses encaminhamentos, ou os famosos "bilhetinhos" ou quando se deparam em sua prática clínica diária com pretextos e indicações estapafúrdias de cesariana.
Há alguns anos, Ana Cristina Duarte, amiga e obstetriz, fez alguns acréscimos com os pretextos que já tinha compilado e organizou a lista em ordem alfabética, motivo pelo qual lhe dou os créditos de co-autora da presente versão. É de domínio público, usem à vontade, mas preferentemente remetendo à fonte, ou seja, Amorim & Duarte (2017), com link para esta página da Web.
Não temos a pretensão de cobrir todas as possíveis indicações de cesariana, apenas começamos a elencar sobretudo as "não indicações" mais frequentes. Nem sempre foi possível fazer busca no PubMed porque simplesmente não existem os descritores para algumas situações absurdas, mas para pesquisa científica procuramos tanto no Medline como na Biblioteca Cochrane revisar a literatura pertinente para checar a indicação ou, mais frequentemente, a falta dela.
Vocês podem confirmar digitando os descritores (MESH) ou as palavras descrevendo a suposta indicação e acrescentar AND "Cesarean Section"[Mesh] no PubMed:
Pesquisando sobre indicações de cesárea no PubMed
Vocês podem confirmar digitando os descritores (MESH) ou as palavras descrevendo a suposta indicação e acrescentar AND "Cesarean Section"[Mesh] no PubMed:
Pesquisando sobre indicações de cesárea no PubMed
Para uma leitura mais aprofundada e baseada em evidências, eu recomendo a série de artigos que publicamos na revista Femina, "Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências", em três partes:
Parte 1 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte I
Parte 2 IIndicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte II
Parte 3 Condições frequentemente associadas à cesariana, sem respaldo científico
Consultamos as diversas diretrizes de operação cesariana, principalmente a do NICE, as recomendações do Consortium on Safe Labor e do ACOG para prevenção da primeira cesariana.
Em 2016 foi publicada no Brasil a Diretriz para Operação Cesariana elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com diversas instituições: CFM, Febrasgo, AMB, Abenfo, representantes das usuárias e especialistas. Essa diretriz pode ser encontrada no link Diretrizes Cesariana, recomendamos sua consulta.
Segue a lista (em constante atualização):
INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS PARA A CESÁREA
Algumas indicações de cesariana:
REAIS:
1) Prolapso de cordão - com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ATIVA no momento em que se inicia o trabalho de parto (em algumas diretrizes, somente se for a primoinfecção herpética). A profilaxia a partir de 36 semanas com aciclovir é recomendada para reduzir o risco de lesão herpética durante o trabalho de parto nas gestantes com história de herpes genital.
PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA:
1) Desproporção cefalopélvica (DCP): o diagnóstico só é possível intraparto e não pode ser antecipado durante a gravidez. Em 1934 um obstetra (Barbour) já dizia que "o melhor pelvímetro é a cabeça fetal", e é avaliando a progressão da cabeça fetal através do canal de parto na presença de contrações eficientes que pode ser aventada a suspeita de DCP;
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "frequência cardíaca fetal não-tranquilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal); as diretrizes atualizadas da FIGO sobre monitorização fetal intraparto podem ser consultadas por quem deseja se aprofundar sobre o assunto;
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia): recentemente tanto autores como diretrizes concordam que os critérios devem ser mais elásticos. O próprio uso de ocitocina e a amniotomia não têm efetividade comprovada quando comparados com a conduta expectante; recomendamos consultar as diretrizes da OMS sobre condução do trabalho de parto.
Pela grande variação do que é fisiológico, considera-se que não é necessário intervir para apressar um parto, independente de sua duração, quando mãe e bebê estão bem.
Nota: o uso do partograma de Friedman é altamente questionável. A evolução do trabalho de parto tem grande variação, recomendando-se atualmente considerar como parâmetro as curvas de Zhang (2010) descrevendo a evolução normal do trabalho de parto em percentis, considerando a paridade. Outras curvas em outras populações estão sendo estudadas.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO:
1) Apresentação pélvica (recomenda-se oferecer versão cefálica externa depois de 36 semanas mas se não for bem sucedida ou não for aceita pela gestante, discutir riscos e benefícios: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
REAIS:
1) Prolapso de cordão - com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ATIVA no momento em que se inicia o trabalho de parto (em algumas diretrizes, somente se for a primoinfecção herpética). A profilaxia a partir de 36 semanas com aciclovir é recomendada para reduzir o risco de lesão herpética durante o trabalho de parto nas gestantes com história de herpes genital.
PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA:
1) Desproporção cefalopélvica (DCP): o diagnóstico só é possível intraparto e não pode ser antecipado durante a gravidez. Em 1934 um obstetra (Barbour) já dizia que "o melhor pelvímetro é a cabeça fetal", e é avaliando a progressão da cabeça fetal através do canal de parto na presença de contrações eficientes que pode ser aventada a suspeita de DCP;
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "frequência cardíaca fetal não-tranquilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal); as diretrizes atualizadas da FIGO sobre monitorização fetal intraparto podem ser consultadas por quem deseja se aprofundar sobre o assunto;
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia): recentemente tanto autores como diretrizes concordam que os critérios devem ser mais elásticos. O próprio uso de ocitocina e a amniotomia não têm efetividade comprovada quando comparados com a conduta expectante; recomendamos consultar as diretrizes da OMS sobre condução do trabalho de parto.
Pela grande variação do que é fisiológico, considera-se que não é necessário intervir para apressar um parto, independente de sua duração, quando mãe e bebê estão bem.
Nota: o uso do partograma de Friedman é altamente questionável. A evolução do trabalho de parto tem grande variação, recomendando-se atualmente considerar como parâmetro as curvas de Zhang (2010) descrevendo a evolução normal do trabalho de parto em percentis, considerando a paridade. Outras curvas em outras populações estão sendo estudadas.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO:
1) Apresentação pélvica (recomenda-se oferecer versão cefálica externa depois de 36 semanas mas se não for bem sucedida ou não for aceita pela gestante, discutir riscos e benefícios: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% - 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia); as diretrizes mais recentes não discriminam entre uma ou duas cesáreas para quem quer tentar um VBAC (Vaginal Birth After Cesarean = Parto Vaginal Após Cesárea);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
Algumas desculpas referidas pelas gestantes e/ou utilizadas pelos profissionais para indicar uma "DESNEcesárea" (em ordem alfabética):
1. Aceleração
dos batimentos fetais
|
2. Acidente
Vascular Cerebral (AVC) prévio
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3. Adolescência
|
4. Alergia a
múltiplos fármacos
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5. Alergia à
placenta
|
6. Altura do
fundo uterino pequena para idade gestacional
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7. Ameaça de
chuva/temporal na cidade
|
8. Ameaça de
parto prematuro (?)
|
9. Anemia de
qualquer tipo (entendam, gestantes, a cesariana vai agravar a anemia, uma vez
que a perda sanguínea é cerca de 500ml no parto normal e 1.000ml na
cesariana)
|
10. Anemia falciforme
|
11. Anemia
ferropriva
|
12. Anencefalia
|
13. Aniversário
da gestante ou de qualquer parente próximo (para fazer coincidir a data do
nascimento)
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14. Ansiedade
materna
|
15. Anticoagulação
(uso de warfarin que já deveria estar suspenso a termo, uso de heparina de
baixo peso molecular, uso de heparina convencional)
|
16. Artéria
subclávia direita aberrante
|
17. Artéria
umbilical única
|
18. Asma
|
19. Assalto
ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto,
então o bebê pode ficar estressado)
|
20. Bacia
"muito estreita"
|
21. Bacia
androide (“de homem”)
|
22. Baixa
estatura materna
|
23. Baixo
ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
|
24. Barriga
“alta demais”
|
25. Barriga
“sarada”, porque a musculatura pode prejudicar o trabalho de parto
|
26. Bartolinite
|
27. Bebê
"grande demais" (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é
maior ou igual que 4 ou 4,5kg e não indica cesariana, salvo nos casos de
diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se
justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação
do peso fetal).
|
28. Bebê
"pequeno demais"
|
29. Bebê
alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
|
30. Bebê
cabeludo
|
31. Bebê
desocupado: está tudo pronto (tamanho e peso) e ele não vai ganhar mais
nada ficando lá dentro
|
32. Bebê
engolindo o líquido amniótico
|
33. Bebê
estava há muito tempo na mesma posição dentro da barriga
|
34. Bebê
flagrado apertando o cordão durante a ultrassonografia, o que aparentemente
levou a bradicardia
|
35. Bebê
preguiçoso (não mexe muito)
|
36. Bebê
profundamente encaixado
|
37. Bebê
que não encaixa antes do trabalho de parto
|
38. Bebês
nordestinos têm cabeça grande
|
39. Bilhete
ou telefonema do prefeito/secretário de saúde de município próximo – Bilhete
de qualquer político
|
40. Bolsa
rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em
trabalho de parto quando a bolsa rompe)
|
41. Calcificação
da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de
35 anos, impedindo o parto normal)
|
42. Cálculo
renal (nefrolitíase)
|
43. Candidíase
|
44. Cardiopatia
(o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal)
|
45. Cegueira
materna
|
46. Ceratocone
|
47. Cesárea
anterior
|
48. Cesárea
anterior com desfecho ruim (bebê foi para UTI)
|
49. Chikungunya
|
50. Chlamydia,
ureaplasma e mycoplasma
|
51. Circlagem
cervical
|
52. Circular
de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a
cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é
absolutamente nebuloso)
|
53. Cirurgia
de reversão de laqueadura
|
54. Cirurgia
gastrointestinal prévia
|
55. Cirurgia
na orelha, anterior ao parto, estouraria o tímpano
|
56. Cóccix
para dentro
|
57. Colestase
gravídica
|
58. Cólica
renal
|
59. Colo
grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
|
60. Colostomia (sim,
porque é melhor fazer uma incisão abdominal perto do estoma com fezes do que
um parto normal bem distante da área...)
|
61. Comida
estragada (relato de consumo)
|
62. Compromissos
previamente assumidos pelo profissional por volta da data provável do parto
|
63. Condilomas
(verrugas genitais) (condiloma só indica cesárea em caso de tumoração gigante
obstruindo o canal de parto, eventualidade raríssima)
|
64. Conização
prévia do colo uterino (cone frio ou cirurgia de alta frequência – CAF)
|
65. Constipação
(prisão de ventre)
|
66. Convulsão
febril na infância
|
67. Cordão
curto (impossível a mensuração antes do nascimento)
|
68. Criança
chupando dedo na barriga (“risco de quebrar o braço durante o parto)
|
69. Data
provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas
(incluindo aniversário do obstetra)
|
70. Datas
significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (a partir de 2013 precisamos esperar
o próximo século mas ainda inventam outras)
|
71. de
sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
|
72. Dengue
|
73. Diabetes mellitus clínico
ou gestacional
|
74. Diagnóstico
de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho
de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
|
75. Diástase
abdominal
|
76. Disfunção
da sínfise púbica
|
77. Distocia
uterina (não definida)
|
78. Dor
na bexiga/ Dor na sínfise púbica / Dor no ciático / Qualquer dor
|
79. Dorso
à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
|
80. Duas
placentas (gestação gemelar)
|
81. DUM
indeterminada
|
82. Edema
de colo do útero
|
83. Edema
de membros inferiores/edema generalizado
|
84. Eletrocauterização
prévia do colo uterino
|
85. Êmese /Hiperêmese
gravídica
|
86. Endometriose
em qualquer grau e localização
|
87. Enxaqueca
|
88. Enxaqueca
materna
|
89. Epilepsia
e uso de qualquer droga antiepiléptica
|
90. Episiotomia
em parto anterior
|
91. Escoliose
|
92. Espondilite
anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
|
93. Estreptococo
do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
|
94. Evolução
tornou o corpo feminino incompatível com o parto
|
95. Exérese
prévia de pólipos intestinais por colonoscopia
|
96. Face
defletida fora de trabalho de parto
|
97. Falta
de ar da gestante porque o bebê era grande
|
98. Falta
de dilatação antes do trabalho de parto
|
99. Falta
de prática de Pilates durante a gravidez
|
100. Falta
de resposta ao teste da buzina no consultório (sem nenhum outro exame
complementar)
|
101. Falta
de vagas nos hospitais para parto normal se a gestante não marcar a cesárea
|
102. Fenda
de Pettersen
|
103. Feto
com “unhas compridas”
|
104. Feto
morto
|
105. Fibromialgia
|
106. Fratura
de cóccix em algum momento da vida
|
107. Frio
|
108. Gastroplastia
prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se
ficar o bicho come)
|
109. Gengivite
|
110. Gestação
gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica
|
111. Gestante
lésbica
|
112. Gestante
loura
|
113. Gestante
saudável demais, correndo o risco de ter um parto fácil e muito rápido,
podendo parir antes de chegar ao hospital, com risco de morte do bebê
|
114. Glaucoma
|
115. “Golf
Ball” presente na ultrassonografia morfológica – sem qualquer significado
patológico
|
116. Gordura
na bacia
|
117. Gravidez
muito desejada
|
118. Gravidez
não desejada
|
119. Gravidez
prolongada
|
120. Grumos
no líquido amniótico
|
121. Hemorroidas
|
122. Hepatite
B e Hepatite C
|
123. Hérnia
de disco, operada ou não, em qualquer segmento da coluna vertebral
|
124. Hérnia
inguinal, hérnia incisional e hérnia umbilical
|
125. Hidronefrose
fetal
|
126. Hiperprolactinemia
|
127. Hipertireoidismo
|
128. Hipotireoidismo
|
129. História
de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez
|
130. História
de cesárea na família
|
131. História
de depressão pós-parto
|
132. História
de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior
|
133. História
de trombose venosa profunda
|
134. História
familiar de fibrose cística do pâncreas
|
135. HPV
com ou sem Lesão Intraepitelial Cervical
|
136. Idade
materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas
em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos. Há pouco tempo a
fisioterapeuta que faz parte de nossa equipe foi considerada
"idosa" aos 32 anos por um plantonista de certa maternidade que não
me convém indicar...)
|
137. Incisura
nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve
realizar Doplervelocimetria em uma gravidez normal)
|
138. Incontinência
urinária de esforço ou estar fazendo muito xixi no final da gravidez
|
139. Indução
impossível por falta de cardiotocógrafo no hospital
|
140. Infecção
urinária
|
141. Inseminação
artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia
de que bebês “superdesejados” teriam melhor prognóstico com a cesárea) –
motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto
normal
|
142. Insuficiência
istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são
submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da
circlagem)
|
143. Insuficiência
Renal Aguda ou Crônica
|
144. Jogo
do Atlético x Cruzeiro (mas pode substituir por Flamengo x Fluminense, Grêmio
x Internacional ou qualquer clássico de sua cidade), afetando o tráfego
urbano
|
145. Laparotomia
prévia
|
146. Lesão
laboral no quadril
|
147. Lesão
medular (habitualmente acarretando paralisia: tetraplegia, paraplegia,
hemiplegia, diplegia, dependendo do nível da lesão): essas mulheres em geral
são cadeirantes e podem ter partos sem dor, mas o diagnóstico não é indicação
de cesárea!
|
148. Líquido
amniótico em excesso
|
149. Lúpus
eritematoso sistêmico (LES)
|
150. Magreza
da mãe
|
151. Malformação
cardíaca fetal
|
152. Mecônio
no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões
anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal) – e só
descoberto quando se rompe a bolsa, não vale “achado ultrassonográfico”!
|
153. Miastenia gravis
|
154. Mioma
uterino (exceto se funcionar como tumor prévio)
|
155. Miscigenação
racial (dito assim mesmo), devido ao “elevado risco” de desproporção
céfalo-pélvica
|
156. Mola
hidatiforme em gestação anterior
|
157. Mulher
muito alta, tem canal de parto muito grande, com risco de cansar o bebê
durante a passagem
|
158. Neoplasia
intraepitelial cervical (NIC)
|
159. Nó
verdadeiro de cordão (impossível o diagnóstico antenatal, sorry)
|
160. Obesidade
materna
|
161. Paciente
“não ajuda para o parto normal” (momento vidente ON: “no fundo ela quer
cesárea”)
|
162. Paciente
“não tem perfil para parto normal”
|
163. Parto
“prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito
imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar
no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais
de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de
três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva
de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para
multíparas) . Não há motivo para intervir independente da duração se mãe
e concepto estão bem.
|
164. “Passou
do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer
idade gestacional a partir de 39 semanas)
|
165. Pé
(do feto) nas costelas
|
166. Pé
pequeno da mãe
|
167. Pé
torto congênito
|
168. Perineoplastia
anterior
|
169. Período
expulsivo com duração de 2 horas
|
170. Pinos
ortopédicos no pé
|
171. Placenta
grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação placentária
|
172. Placenta
pequena (volume estimado pela ultrassonografia)
|
173. Placentas
baixas não oclusivas do colo do útero
|
174. Plaquetopenia
|
175. Pólipos
uterinos
|
176. Pouco
líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em
gestantes normais)
|
177. Praticar
musculação ou ser atleta
|
178. Pressão
alta - hipertensão é uma séria complicação que afeta 10% de todas as
gestações e pode ser uma boa / excelente indicação para interromper a
gravidez, o que significa antecipar o parto e não necessariamente fazer uma
cesariana. A indução do parto com 37 semanas é recomendada pelo HYPITAT (2009) para os casos de
pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional. Nas formas graves, na ausência de
complicações maternas ou fetais pode-se induzir o parto com 34 semanas, porém
eclâmpsia, síndrome HELLP e outras complicações requerem interrupção
independente da idade gestacional. A via de parto é obstétrica e depende de
uma série de fatores, incluindo as condições cervicais e a vitalidade
fetal.
|
179. Pressão
baixa
|
180. Problemas
oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia, glaucoma, ceratocone e
descolamento da retina
|
181. Profissão
professora
|
182. Prolapso
de valva mitral
|
183. Prótese total de
quadril
|
184. Prurido
gestacional
|
185. Qualquer
malformação fetal incompatível com a vida
|
186. Qualquer
procedimento cirúrgico durante a gravidez
|
187. Queloide
ou tendência a queloide podendo complicar uma episiotomia (e a cesárea não? E
para que fazer episiotomia?)
|
188. Reação
vasovagal
|
189. Restrição
de crescimento intrauterino
|
190. Rim
único
|
191. Sedentarismo
|
192. Septo
uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via
histeroscópica
|
193. “Se
fosse a minha mulher ou filha, eu faria cesárea” (machismo e tutela)
|
194. Síndrome
da unha-patela
|
195. Síndrome
de Down e qualquer outra cromossomopatia
|
196. Síndrome
de Ovários Policísticos (SOP)
|
197. Síndrome
de pânico
|
198. Síndrome
do anticorpo antifosfolípide
|
199. Sinusite
|
200. Sono
fetal (bebê que dorme durante o trabalho de parto)
|
201. Suspeita
ecográfica de mecônio no líquido amniótico
|
202. Tabagismo
|
203. Tatuagem
lombar
|
204. TDAH,
transtorno bipolar e qualquer condição neurodivergente
|
205. Ter
dreno na orelha desde a infância
|
206. Trabalho
de parto prematuro
|
207. Trânsito
urbano muito intenso
|
208. Tricomoníase
|
209. Trombofilias (inclui
síndrome antifosfolipídios)
|
210. Trombose
venosa profunda
|
211. Uso
de antidepressivos ou antipsicóticos
|
212. Uso
de aspirina e outros antiagregantes plaquetários (ex.: clopidogrel)
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213. Uso
de drogas ilícitas (maconha, crack, cocaína, ecstasy, lembrando que a
drogadição requer tratamento e não uma cesariana)
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214. Útero
bicorno
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215. Útero
infantil
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216. Útero
não estava “calibrado” para aguentar as contrações
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217. Útero
retrovertido
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218. Vagina
com anatomia desfavorável
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219. Vaginismo
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220. Vaginose
bacteriana
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221. Varizes
em membros inferiores
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222. Varizes
na vulva ou na vagina
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223. Varizes
uterinas
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224. VBAC
não indicado por médico canadense se a primeira cesárea foi feita no Brasil
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225. Violência
urbana, impedindo obstetra (famoso) de sair de casa à noite ou alegada como
pretexto para que as gestantes também não sigam o perigoso percurso até a
maternidade
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226. Zika
vírus: infecção presente ou passada e não, não foi apenas para terminar a
lista de A-Z, são casos reais!
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Nota: infelizmente isto não é piada. Agradeço a contribuição das gestantes, das puérperas e mulheres submetidas a cesarianas que se sentiram enganadas, das mulheres que conseguiram fugir dos pretextos de cesarianas sem evidências, dos colegas que me contam casos que lhes foram referenciados, dos médicos residentes, de todos aqueles que me enviam bilhetinhos estapafúrdios indicando cesarianas por motivos os mais exóticos (estão todos escaneados e arquivados), a Gisele Leal que encontrou mais indicações informadas pelas mulheres nas redes sociais. E, mais recentemente, a todas as participantes do grupo "Cesárea? Não, obrigada!" no Facebook que, atendendo ao meu pedido, forneceram acréscimos substanciais a esta lista, em especial a Ive Marchioni Avilez que conseguiu a façanha de compilar tantas novas contribuições.
Este post foi atualizado em 02 de setembro de 2017.
Este post foi atualizado em 02 de setembro de 2017.
Soube de mais algum pretexto estapafúrdio para cesariana? Escreva para melania.amorim@gmail.com ou poste em meu perfil no Facebook: Melania Amorim
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