Você sabia que hoje, 25 de novembro, é Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher? Uma data bastante oportuna para refletir sobre algo que nos diz respeito diretamente.
Talvez você não perceba. Talvez até ache graça. Mas a violência contra as mulheres vem sendo banalizada e até incentivada silenciosamente.
Em forma de humor, duas amigas travam um diálogo dentro de um vagão de trem lotado. Um sujeito se aproxima, encosta e bolina a mulher de várias formas. No episódio do dia 9 de julho, o quadro mostrou a mulher sendo “tocada” em suas partes íntimas com a “batuta” de um maestro.
Situações como esta retratada pelo programa acontecem todos os dias com milhares de mulheres no nosso país. Só nós mulheres podemos medir a humilhação pela qual passamos nos trens e ônibus lotados e suas consequências. Não tem graça.
No metrô de São Paulo, o mais lotado do mundo, numa manhã de abril, uma jovem trabalhadora foi violentada sexualmente num vagão da linha verde, considerada uma das melhores. Um crápula a segurou pelo braço, ameaçou, enfiou a mão sob sua saia, rasgou sua calcinha e a tocou. Os passageiros perceberam, tentaram agir, mas o homem fugiu. O caso foi registrado como estupro na 78º DP da capital paulista. Impossível rir disso.
É sabido que a maioria das redes de TV não são defensoras das mulheres, mas programas como estes estão passando dos limites. O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática, já que o ataque é parte da estrutura permanente do texto. Ou seja, todas as semanas, a rede diz que as mulheres que sofrem abuso sexual devem “aproveitar” e “agradecer”, como se fosse uma dádiva.
Repete a lógica de um "humorista" popular que recentemente, pelo Twitter, escreveu que as feias deveriam agradecer ao serem estupradas. E está sendo processado por isso.
O quadro tem alcançado liderança de audiência nas noites de sábado, atingindo cerca de 25 pontos de audiência. Ou seja, milhões de lares recebem toda semana a mensagem de que é natural abusar sexualmente de mulheres no metrô, nos trens, nos ônibus. Não é preciso muito para saber que o quadro certamente terá efeitos sobre esse público, naturalizando a violência contra a mulher, diminuindo a gravidade de um crime, tornando-o algo menor, sem importância.
Essa brincadeira não tem graça. É no mínimo lamentável que o talento da dupla de humoristas esteja sendo desperdiçado em um quadro que incentiva o ataque às mulheres trabalhadoras. É revoltante que a emissora líder mantenha um programa que defende práticas tão nefastas, num país onde uma mulher é violentada a cada 12 segundos; onde uma mulher é assassinada a cada duas horas; onde 43% das mulheres sofrem violência doméstica. Mas o mais triste é saber que programas como este são assistidos por milhares de crianças em fase de formação de valores.
Convido vocês, pais e mães a refletir: se você ri quando assiste uma mulher sendo sexualmente agredida na TV, que tipo de mensagem esta passado para seu filho e sua filha?
Convido vocês, pais e mães a refletir: se você ri quando assiste uma mulher sendo sexualmente agredida na TV, que tipo de mensagem esta passado para seu filho e sua filha?
Violência contra mulher não tem graça nenhuma
Nosso silêncio é cúmplice da violência!
Nenhum comentário:
Postar um comentário